sábado, 29 de outubro de 2011

Não seja escravo do seu fim.

Antes de realizar a leitura assistam o vídeo abaixo para reflexão.


A morte é algo que todos nós podemos afirmar com toda certeza sobre o futuro. Todo ser humano terá seu dia final e cada momento que se passa inevitavelmente esse dia se aproxima. Diante de tal fato consumado pela racionalidade humana que antecipa o futuro, é normal que muitos temam esse momento.

Toda criatura viva tem como impulso primitivo a preservação da vida - evitar a morte é a ordem. Esse é um comportamento instintivo para que a espécie se desenvolva e prolifere. Sabe-se que algumas espécies de animais possui certa percepção da morte, no entanto isto não significa que possam conceitua-la.

Para a grande maioria dos animais a morte é um momento único, pois em vida não é prevista e após a morte o ser já não existe mais para sentir ou saber. Sendo assim é possível dizer que os animais não possuem meios para temer a morte.

Ao contrario nós seres humanos, animais racionais, com inteligência, consciência e capacidade de quantificar o tempo e prever o futuro, temos que viver com a ideia de um fim e isso faz com que muitas pessoas levem a vida temendo tal momento.

Desse medo da morte nasce também o medo dos deuses e nesse sentido é que entram em cena várias religiões, cada uma oferecendo um “refugio” para além-vida com promessas de que a morte física não é o fim. A crença numa vida após a morte é a base de quase todas as religiões.




No entanto para conseguir adentrar nos portões do paraíso é necessário seguir uma série de regras que cada religião afirma como a palavra de Deus. Dessa forma muitas pessoas acabam levando uma vida extremamente restrita, esperando que sua abdicação aqui na Terra seja compensada em uma vida eterna depois da morte.



A ideia difundida do paraíso é utilizada como forma de controle do que se faz em vida. Mas a compensação não é o único motivo que faz com que as pessoas sigam tais regras, há um motivo que creio ser ainda mais poderoso: o medo.

Além desse paraíso oferecido há também o inferno um lugar onde o tormento é eterno para quem se comportar de um modo incoerente com sua religião. O próprio fato de nascer e existir já é considerado pecado em algumas crenças. Então você tem que crer, rezar e adorar para que sua alma possa ser salva.


Após o momento final de nossas vidas não há como saber o que virá e como será. Talvez possa haver alguma coisa (nunca saberemos em vida), mas talvez não haja nada. Pensando dessa forma prefiro escolher o certo do que o duvidoso! Tenho certeza que tenho pelo menos essa vida aqui na Terra, então procuro viver bem, aproveitando cada momento da maneira mais sábia possível.

Eu pessoalmente acredito que o pós-morte será como antes de nascermos. Você se lembra? Era ruim? Bem apenas não existiremos mais (a não ser na mente das pessoas que nos conhecem).

O fato é que não podemos temer o que ainda não existe e, quando esse momento existir, não estaremos mais aqui para saber. Aceitar a morte não é algo fácil de se fazer, mas é essencial para levar uma vida mais tranquila.


domingo, 23 de outubro de 2011

Observando no Escuro


“Os nossos antepassados viviam ao ar livre. Sua familiaridade com o céu noturno era igual à que temos hoje com nossos programas favoritos de televisão. O Sol, a Lua, as estrelas e os planetas, todos nasciam no leste e se punham no oeste, cruzando o alto do céu nesse meio tempo. O movimento dos corpos celestes não era simplesmente uma diversão, provocando uma saudação ou resmungo reverente; era a única maneira de reconhecer as horas do dia e as estações. Para os caçadores e colhedores, bem como para os povos agrícolas, conhecer o céu era uma questão de vida ou morte.” (SAGAN, 1994, p. 15)

O céu noturno é observado por nós humanos há milhares de anos, em diversas regiões do mundo. A visão das estrelas sempre fascinou a humanidade desde os primórdios e fez com que diversas interpretações fossem formuladas em vários períodos por diferentes povos a partir dessas observações. Alguns consideravam que elas poderiam ser seres superiores ou divindades, outros se serviam das estrelas para predizer o futuro, enquanto que outros estavam motivados por uma curiosidade puramente cientifica.

Admirar o céu noturno estrelado pode até ser visto como algo simplório e muitas vezes trivial para a vida das pessoas nos dias atuais, já que nas cidades o dia-a-dia da maioria é tumultuado e cheio de afazeres “mais importantes”. A cidade também faz com que a beleza do céu noturno passe despercebida diante nossos olhos, pois o brilho da maioria das estrelas é ofuscado pelo brilho das luzes artificiais que existem nesses centros urbanos. Se você já esteve em um local isolado, longe das grandes cidades e olhou pra cima por um breve momento, talvez você já tenha tido a experiência fascinante que é a visão dessa pequena parte do universo da qual podemos deslumbrar diariamente de nossa nave Terra.

Nesses locais isolados e escuro é possível observar dezenas de centenas de estrelas a mais do que as que são visíveis na cidade. Outra coisa incrível para se observar é uma larga franja de luz branca e difusa cortando o céu, como se fosse uma nuvem. Os antigos gregos diziam que essa faixa de luz difusa era o leite da Deusa Era esguichado de seus seios para o céu, dessa ideia foi que surgiu o nome que conhecemos hoje: Via Láctea (caminho de leite) – a nossa galáxia.

Quando olhamos para cima com a vista desarmada e vemos essa luz difusa não imaginamos o que ela realmente é: mais e mais estrelas, que por serem tantas e estarem tão “misturadas” dão o aspecto leitoso e continuo que vemos no céu. Porem quando se observa com um telescópio, sua aparente continuidade desaparece, e é possível verificar que na verdade se trata de uma imensa quantidade de estrelas das quais o nosso Sol é apenas mais uma perdida na colossal quantidade existente, assim como um grão de areia perdido em uma praia.

De fato é isso que uma galáxia é, um aglomerado de estrelas, gases e pó cósmico. A nossa Via Láctea é uma galáxia espiral e possui uma extensão aproximada de cem mil anos-luz (um ano luz é a distância percorrida pela luz em um ano, isto é da ordem de 9.500.000.000.000 de Km - 9,5 trilhões de quilômetros). O nosso Sol pertence a essa galáxia e está situado nos subúrbios de um braço obscuro da espiral da galáxia, à cerca de 30.000 anos luz do núcleo.

Da Terra nos vemos a Via Láctea como se olhássemos da beirada do disco para o centro e isso explica porque ela aparece nos céus (para nós) como se fosse uma franja, com sua zona mais brilhante situada na direção do centro.

A Via Láctea possui em sua totalidade aproximadamente 200 Bilhões de estrelas, e no universo existem muitas outras galáxias similares a nossa. As galáxias estão espalhadas pelo universo como se fossem conjuntos de ilhas, a mais próxima de nós e que faz parte do nosso grupo de galáxias é a Galáxia de Andrômeda que pode ser visualizada como uma luz tênue a partir de telescópios modestos.

A fotografia a baixo mostra uma incrível imagem obtida através do Telescópio Espacial Hubble denominada campo ultra profundo do Hubble que remonta uma visão de como era o universo há cerca de 13 Bilhões de anos atrás, quando a tênue luz dessas galáxias primordiais partiram para sua longa jornada até chegar a nós.

Para conseguir captar a tênue luz dessas galáxias o telescópio Hubble ficou apontado para uma pequena parte do céu durante 11 dias, captando todo fóton de luz de uma pequena região do espaço que aparentemente não tinha nada.

Observando a imagem correremos o risco de achar que os pontos luminosos se tratam de estrelas, mas na realidade são galáxias - milhares delas. Agora pense: Sabemos que as galáxias são aglomerados de gases, poeira cósmica e estrelas. Sabemos também que em órbita de muitas dessas milhões /bilhões de estrelas que compõem as galáxias pode haver planetas (como é o caso do nosso sistema solar) e que alguns dos planetas talvez possam ter algum tipo de vida em algum estagio de evolução: muito baixo ou quem sabe até mais avançado que o nosso, no entanto ainda não temos evidencias necessárias para afirmar a existência desses seres.

O fato é que quando observamos o universo e imaginamos a quantidade de galáxias, estrelas, mundos e possíveis seres que os habitam esses mundos, ficamos um pouco desconfortáveis, assombrados com o infinito que nos cerca e percebemos o quão nós, seres humanos, somos minúsculos - uma pequena capa de vida sobre uma bolinha azul perdida em meio à escuridão do espaço.

Referências:
Sagan, Carl (1994). Pálido ponto azul: Uma Visão do futuro da humanidade no espaço, New York: Random House.

Documentario Cosmos: Uma viagem pessoal - Carl Sagan, 1980.

sábado, 15 de outubro de 2011

Estrelas cadentes, meteoros e meteoritos!


Se você já olhou para cima por um breve período em uma noite clara (céu limpo e estrelado), provavelmente você já deve ter visto uma “estrela cadente” cruzando o céu noturno – e talvez você tenha feito até um pedido!

Este fenômeno ocorre quando um fragmento rochoso que muitas vezes tem menos de um milímetro de diâmetro penetra na atmosfera terrestre viajando a altíssimas velocidades, a fricção dessa partícula contra os gases da atmosfera é tão intensa que sua superfície começa a brilhar devido ao calor gerado. O resultado desse processo é a “estrela cadente”, uma linha brilhante de fogo que durante poucos momentos resplandece no espaço.

Cientificamente as “estrelas cadentes” são designadas meteoros. Derivam de corpos celestes maiores como cometas e asteroides e até planetas que por vários processos de desagregação podem liberar tais fragmentos, ou podem também provir de “restos” da formação do sistema solar.


Como já citado esses fragmentos em sua maioria são fragmentos minúsculos com poucos milímetros ou menos, mas alguns possuem diâmetro de centímetros e podem formar excepcionais brilhos traçantes no céu. Apenas de vez em quando um fragmento “gigante” possuindo vários centímetros ou mais, penetra na atmosfera causando espetaculares “bolas de fogo”. Alguns são chamados de bólidos e assinalam sua entrada na atmosfera com grandes explosões.


Os meteoros são demasiados pequenos para refletir a luz do Sol assim como fazem a Lua e os planetas. Portanto só são detectados quando entram na atmosfera terrestre e se tornam incandescentes. Os fragmentos começam a brilhar por volta de 100 quilômetros da superfície da Terra. Geralmente queimam-se por completo a uma altura de 80 quilômetros e sua trajetória de luz cessa bruscamente. Os fragmentos maiores que causam as espetaculares “bolas de fogo”, no entanto, são visíveis a alturas mais próximas à superfície terrestre.

É uma sorte para nós habitantes da Terra que a maioria dos meteoros não tem a menor chance de sobreviver ao seu mergulho suicida na atmosfera terrestre. Caso contrario, a superfície do nosso planeta seria bombardeada continuamente por partículas e fragmentos em grandes velocidades.

Em alguns casos, há corpos de tamanho superior que resistem à entrada em nossa atmosfera e por ventura colidem com a superfície terrestre. Estes são denominados então meteoritos. Seu tamanho em solo pode varia desde milímetros até metros de diâmetro com varias toneladas em peso. Provavelmente o meteorito que produziu a cratera do Arizona nos EUA é um dos maiores que se têm registro.

Esta cratera tem diâmetro de mais de um quilometro e profundidade de 180 metros. Apesar das tentativas no sentido de localizar o meteorito, não foi encontrado nenhum grande fragmento de meteorito. Provavelmente seu contato com a superfície o tenha destruído.

Outro evento em que um corpo celeste de grandes proporções atingiu a Terra foi o caso da gigantesca explosão de Tunguska em 1908 quando uma onda de choque milhares de vezes mais forte que a bomba de Hiroshima, devastou milhões de árvores em mais de 2.000 km² de floresta. (não se sabe ao certo o que causou a grande onda de choque).

Enfim, da próxima vez que você fitar o céu e observar uma “estrela cadente” riscando o céu com seu brilho esplendoroso, você pode até fazer seu pedido, mas agora você sabe que não se trata de uma estrela e que não há nada de magico (apesar de incrível) nesse fenômeno, trata-se apenas de um meteoro penetrando a atmosfera terrestre.

Autor/Edição: Alan Bronny - Perdidos no Infinito

Referenciais:

TEIXEIRA, W. et al., Decifrando a Terra.